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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A não reciprocidade

Não sei quem inventou que amor é baseado na reciprocidade. É uma loucura essa ideia de esperar o outro fazer para que comecemos a pensar na nossa atitude; isso é disseminado como amor próprio, uma tentativa de se encontrar e se conhecer mas 'me diz cadê você aí?'.
Essa é a receita (infalível) da solidão.
Amar não é retribuir, é entregar sempre. Independente do que tenha sido recebido, amar é devolver só amor e em dobro, em doses imensas, até paralisar - amar é paralisar. Paralisar o medo, a insegurança e ser forte a ponto de não se importar se vai ser retribuído, se vai durar, se vai acabar numa esquina qualquer ou vai recomeçar a cada fim de tarde.
Se não é assim, não é amor, é qualquer sentimento enlouquecedor que enche o coração de lixo.
Os corações estão cheios de lixo, (i)recicláveis - estamos sendo ensinados pelos contos de fada, pela TV, pelas comédias românticas um jeito certo e preciso de amar, as decisões a serem tomadas e até o jeito patético de fazer o outro feliz (sim, existem receitas prontas para fazer o outro feliz). Está tudo errado, é preciso sublimar tudo que foi aprendido e deixar nascer em nós o jeito certo de completar, fazer feliz e se doar, um jeito só seu.
Enquanto isso sigamos doando porções dobradas de amor, é aquilo que não pode ser acumulado, tem que ser doado para multiplicar - quanto mais se dá, mais se tem. Sem pressa, sem egoísmo, sem vaidade e num jeito doce e manso de caber ali no mesmo lugar, no mesmo abraço, no mesmo corpo, de morar no mesmo sorriso todo dia, todo dia, todo dia, todo dia.