É essa falta de foco, essa falta de amor, essa falta de
visão que me deixa assim: desejando me livrar do problema, mas sem meios.
Se não fosse essa dose que me falta de cegueira e inocência,
de ingenuidade e se eu não tivesse esse ‘sexto sentido’ apurado que me afasta
logo das ciladas, mas que não me permite enxergar, ao certo, onde é o alvo que
deve ser acertado. Não é só uma questão de ignorar, se fosse eu já teria
superado muitas coisas, não é só manter a 'política da boa vizinhança' porque tudo
em mim criou uma aversão a vizinhos e cada pedaço quis construir sua casinha
num terreno longe, sem ninguém, sem barulho, sem passado e só com
possibilidades mil no futuro. Se não fosse esse abraço que não sai e esse sorriso que se
esconde, se não fosse essa mania idiota de se esconder em teorias pra fugir de
um pedido simples de desculpa e pensar que isso pode mudar, acomodar e dar um péssimo rumo a tudo.
É distante, mas a ideia de acertar o caminho vem sempre
acompanhada de se despir, de se deixar, de não querer, de matar um pouco de
você a cada dia e arrancar aquela parte venenosa que mata um pouco a cada dia
mas o comodismo insiste em pintar tudo isso de flor, o orgulho insiste em
regar, seus olhos enxergam miragens e seu coração fica distante da meta.
É muito duro, mas é só pra se defender. É amargo, eu sei,
mas eu engulo e é só pra me proteger.